2021 foi “o ano” dos investimentos em fintechs na América Latina. O que 2022 reserva pra gente?
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Assistimos durante os últimos anos e, especialmente em 2021, a um boom de investimentos em fintechs latino-americanas. Assim, a inovação tem impulsionado o surgimento de startups de destaque global e estimulado a evolução do setor financeiro na América Latina. Mas será que esse movimento de aportes bilionários é uma bolha que em breve vai explodir ou é um fluxo que vai continuar também ao longo de 2022 e que contribui significativamente para o desenvolvimento econômico dos países da região?
O cenário que temos hoje indica – assim como a minha aposta – que, sem dúvida, a resposta certa é a segunda opção. Ou seja, este novo ano promete ser tão promissor quanto o último e não apenas assistiremos, mas participaremos de um avanço cada vez mais importante para a América Latina.
Artigo escrito por Anderson Olivares, Country Manager Dock no México
As opiniões expressas neste artigo são de responsabilidade única e exclusiva do autor.
Os recentes investimentos em fintechs latino-americanas
Os bons ventos que sopraram a partir de 2018 para o setor de tecnologia no Brasil atingiram outros países latino-americanos em 2021. Isso resultou em um recorde de aportes em startups locais e criou uma geração de empresas avaliadas em mais de US$ 1 bilhão.
De acordo com a CB Insights, a região somou US$ 14,8 bilhões em investimentos até setembro do último ano. Depois do Brasil, que lidera a lista de unicórnios, o México é o maior mercado do território, mas países como Argentina, Colômbia, Chile e Uruguai também seguiram essa tendência.
No que diz respeito especificamente aos investimentos em fintechs e bancos digitais na América Latina, de acordo com um levantamento do BPC, as dez empresas que mais se destacaram em 2021 foram:
- Nubank;
- Neon;
- Banco Inter;
- C6 Bank;
- Ualá;
- Klar;
- Albo;
- Fondeadora;
- Flink;
- Brubank.
Ah, fico feliz em mencionar que mais da metade deles tem a tecnologia da Dock como parte da sua história!
Os altos aportes permitiram que esses negócios crescessem muito nos últimos meses e investissem em inovação e na ampliação do seu portfólio de serviços, atraindo assim cada vez mais usuários. Tanto que, conforme a mesma pesquisa do BPC, as dez principais fintechs da região representam, hoje, mais de 90% de todos os clientes latino-americanos.
O que está por trás dos altos investimentos em fintechs da região
Esses dados demonstram o grande potencial do mercado desse território. Além disso, existem outras várias razões pelas quais o aumento de investimentos em fintechs e negócios com finanças integradas (Embedded Finance) na América Latina é um movimento que faz todo o sentido – e que veio para ficar.
Digitalização do ecossistema financeiro
Em primeiro lugar, vale a pena pontuar o movimento global de evolução pelo qual o ecossistema financeiro está passando graças ao avanço tecnológico e outros fatores.
Nesse contexto, estamos assistindo a várias transformações nos mais diversos países, desde o modelo de Digital Banking, os novos meios de pagamento e, agora mais recentemente, pelas moedas digitais – apenas para citar rapidamente alguns exemplos.
Alta demanda da região por bancarização
O mercado da América Latina tem uma característica em particular que está diretamente relacionada aos investimentos em fintechs que temos visto nos últimos tempos: a alta demanda por bancarização.
Por mais que a inclusão financeira tenha sido acelerada desde 2020 em função da pandemia, esses negócios têm a oportunidade de se dirigir a mais de 200 milhões de latino-americanos não bancarizados e ampliar o acesso dessa população a serviços financeiros.
Avanço e flexibilização de questões regulatórias
Uma vez que os agentes reguladores de diferentes países da região têm buscado intervir de forma positiva no mercado financeiro nos últimos anos, o contexto regulatório também é um impulsionador dos investimentos em fintechs latino-americanas.
No Brasil, por exemplo, o Banco Central tem criado mecanismos a fim de descentralizar o sistema e permitir o ingresso de cada vez mais players.
No México, a Ley de Tecnología Financiera de México regula as instituições de pagamento eletrônico e busca reduzir as barreiras de entrada no país.
Evolução de temáticas como Open Finance e pagamentos instantâneos em diversos países
De mãos dadas com a questão regulatória, temos visto também diferentes temáticas relevantes evoluírem em vários países latino-americanos. É o caso do Open Banking e dos sistemas de pagamento instantâneo – nos quais o Brasil, por exemplo, tem ocupado uma posição de destaque.
Recentemente, em dezembro de 2021, o país entrou na última fase da implantação do Open Finance, mas não é o único a avançar nesse sentido. A Colômbia também está liderando essa evolução na América Latina e deve ter a regulamentação pronta até 2022. O sistema mexicano também está em processo de implementação e abrange cerca de 2.300 instituições. Já o Chile está concretizando o seu modelo de Open Banking e deve iniciar esse processo em breve.
Da mesma forma, em relação aos pagamentos instantâneos também estão ocorrendo movimentações importantes na região. Além do Brasil, que teve um caso sem igual de sucesso com o Pix no último ano, o México lançou o CoDi em 2019, um sistema baseado em QR Code e tecnologia de comunicação de campo próximo (NFC) por telefone.
E o que esperar de 2022 nesse sentido?
Diante desse cenário e por esses mesmos motivos que acabamos de detalhar, essa movimentação que envolve investimentos em fintechs latino-americanas deve prosseguir forte ao longo de 2022.
A região tem um potencial enorme e é, atualmente, um grande celeiro de oportunidades de negócios, tendo ainda espaço para que muitos outros players ingressem no ecossistema financeiro e colaborem para o desenvolvimento da região.
Seguindo esse mesmo fluxo, desde 2021, a Dock está vivendo um processo de internacionalização e expansão na região. A última ação nessa direção incluiu a chegada da Cacao ao nosso time, plataforma mexicana de soluções em meios de pagamento.
Assim, disponibilizando a tecnologia necessária para que os negócios possam avançar mais rapidamente, a Dock vem participando ativamente do movimento de transformação do universo financeiro que está preparando a região para um futuro mais próspero – e em 2022 não será diferente.
Investimentos em fintechs latino-americanas: o que você viu neste artigo
- O ano de 2021 foi de recorde de aportes em startups latino-americanas: foram US$ 14,8 bilhões em investimentos até setembro do último ano.
- Os investimentos permitiram que esses negócios crescessem muito nos últimos meses e investissem em inovação e na ampliação do seu portfólio de serviços.
- Vários fatores estão por trás desse movimento, entre eles a alta demanda da região por bancarização, o avanço de questões regulatórias e de temáticas importantes em diversos países, além da digitalização do sistema financeiro.
- Por essas mesmas razões, essa movimentação deve seguir em 2022 e a Dock está fazendo parte dessa transformação, vivendo um momento de internacionalização e expansão na América Latina e possibilitando que os negócios da região avancem mais rapidamente.