Tendências para o mercado financeiro: 6 destaques do Tech Trends Report
14 minutos de leitura
O Tech Trends Report é um relatório anual que analisa e prevê as tendências tecnológicas que provavelmente terão um impacto significativo nos negócios, na sociedade e também no mundo das finanças. E como sabemos, as tendências para o mercado financeiro nos possibilitam antecipar cenários futuros em um mundo que está em constante transformação.
Na prática, olhar para os movimentos financeiros emergentes ajuda a guiar bancos e fintechs no desenvolvimento de soluções que estejam alinhadas às próximas iniciativas inovadoras do setor de meios de pagamentos e banking.
Aqui na Dock estamos constantemente bebendo de diversas fontes para acompanhar essas tendências, e uma delas é justamente o Tech Trends Report. Apresentado pela futurista e pesquisadora Amy Webb, Diretora do The Future Today Institute, que faz parte da Escola de Negócios da Universidade de Nova Iorque, esse estudo é fundamental para entender as formas de atuação das empresas daqui para frente.
Recentemente, o conteúdo da 17ª edição foi divulgado no evento SXSW, apontando tendências estratégicas de tecnologia, com uma seção de insights específicos para serviços financeiros. Neste artigo, selecionamos alguns deles que têm impacto bastante significativo na América Latina. Conheça a seguir:
Tendências para o mercado financeiro: quais são as principais para 2024?
1. Frictionless Payments
Já faz algum tempo que os pagamentos sem atrito, ou Frictionless Payments, estão se destacando como uma tendência-chave no setor financeiro, simplificando transações e melhorando a experiência do usuário.
Os pagamentos sem atrito eliminam etapas tradicionais em uma operação de compra, como inserção de informações do cartão, tornando a experiência mais rápida. Exemplos incluem carteiras digitais, pagamentos por aproximação e métodos integrados em aplicativos e sites.
A novidade apontada pelo relatório é o uso, por bancos e fintechs, dos dados provenientes desses pagamentos sem atrito para desenvolver produtos e serviços financeiros personalizados, como opções de empréstimos, créditos e investimentos.
Nesse cenário, o Embedded Finance, que integra pagamentos diretamente em uma cadeia de valor, representa uma oportunidade adicional para empresas atuarem no universo financeiro, promovendo a adoção de pagamentos sem atrito e diversificando receitas de maneira mais ampla.
2. Asset Tokenization
A tokenização se refere à conversão de ativos físicos, ou produtos financeiros em formato digital. Através da tecnologia blockchain, ativos como imóveis, por exemplo, ou até mesmo propriedades intelectuais, podem ser transformados em partes menores, ou seja, em tokens digitais.
Essa maior divisibilidade melhora a liquidez dos ativos, ampliando o acesso a oportunidades de investimento e permitindo que um público mais amplo de investidores participe de mercados anteriormente acessíveis apenas a detentores de um grande capital.
O interessante é que a tokenização de ativos hoje é vista também como uma estratégia para reduzir custos e burocracias, especialmente no mercado financeiro. Ao digitalizar ativos, intermediários tradicionais, como corretores, podem se tornar menos necessários, reduzindo as taxas de transação.
Aliás, vale lembrar que a tokenização foi também destaque no Febraban Tech 2023, sobretudo em painéis relacionados ao Real Digital. Na ocasião, Fabio Araujo, coordenador do projeto no BC, ressaltou que a tokenização pela tokenização não basta, é preciso que esse processo seja feito para atender as necessidades do sistema financeiro, ampliando e facilitando o acesso a serviços.
3. Alternative Credit Scoring
O uso de dados alternativos na pontuação de crédito vem se repetindo ano a ano como tendência para o mercado financeiro. Uma das razões que faz com que essa abordagem siga em evidência é o fato de que o score alternativo abre novas possibilidades de receita, em especial com a oferta de produtos financeiros a uma parcela da população até então considerada com grande risco de inadimplência.
O Tech Trends Report 2024 aponta que inovar nesse aspecto será fundamental para o futuro do acesso ao crédito, e o caminho para isso está especialmente nas tecnologias de IA e machine learning aplicadas em larga escala.
A FICO, parceira da Dock no âmbito da prevenção de fraude, já vem atuando nesse sentido e busca trabalhar a inclusão financeira do ponto de vista do ESG, no sentido social de acessar dados alternativos para fornecer um crédito de maneira mais democrática.
“Por exemplo, se a pessoa trabalha com um aplicativo de entregas, podemos entender quanto ela gera de receita e chegar a uma classificação para oferecer de maneira proativa um empréstimo com uma taxa aceitável”, explica Fabricio Ikeda, Head of Fraud Protection and Compliance for Global Partners & Alliances da FICO.
4. Open Banking
O Open Banking torna os dados financeiros mais acessíveis, o que ajuda a alimentar a criação de novos sistemas sem o peso de trabalhar com linguagens antigas de programação. Em 2023, o Tech Trends Report mostrou como isso efetivamente dá aos novos players a oportunidade para projetar, por exemplo, sistemas com base em infraestruturas de processamento em tempo real.
Para 2024, o estudo traz em destaque outro aspecto: o compartilhamento de dados do cliente levanta importantes questões de segurança e privacidade dos dados.
Assim, as instituições precisam mais do que nunca investir em fortes medidas de cibersegurança e cumprir regulamentos de proteção de dados para resguardar as informações do cliente. Além das medidas de segurança, o open banking exige a adesão a regulamentações complexas, necessitando atualizações significativas em sistemas e processos.
O caminho indicado pelo relatório é que as instituições financeiras apostem em APIs que cumpram os padrões de compartilhamento de dados e segurança. E para enfrentar esse desafio na integração de novas tecnologias, contar com uma provedora de APIs financeiras que forneça atualizações rápidas e ágeis é fundamental.
5. Programmable Money
Dinheiro programável, ou Programmable Money, refere-se a moedas digitais ou ativos que podem ser controlados e manipulados através de código ou lógica programável.
Ao contrário das formas tradicionais de dinheiro, o dinheiro programável permite que os desenvolvedores incorporem regras e condições nas transações, permitindo a automação e personalização dos processos financeiros.
O Tech Trends Report 2024 destaca o uso da tecnologia em smarts contracts, espécie de contrato digital que usa tecnologia para garantir a auto execução das cláusulas, sempre que as condições contratuais previstas são atendidas.
Por exemplo, no contexto da implementação do Drex – Real Digital (projeto de moeda digital de banco central, criado e operado pelo BC) essa funcionalidade possibilitará a programação do dinheiro para desempenhar funções específicas ao atender determinadas condições.
Para ilustrar, imagine o seguinte: ao adquirir um carro, o comprador poderá programar o dinheiro para que seja transferido somente após a atualização da documentação do veículo para o seu nome, adicionando ao contrato uma camada adicional de segurança.
6. Better Digital Wallets
Se por um lado as carteiras digitais já não são uma novidade, por outro elas continuam a evoluir, tornando as transações mais rápidas e fáceis, incentivando compras por impulso e atraindo uma base de clientes mais ampla e cada vez mais confortável com pagamentos digitais.
Como aponta o relatório, os usuários de carteiras digitais gastam em média 31% a mais do que os não usuários em todos os tipos de compras, o que reforça que essas plataformas facilitam as transações e incentivam um maior gasto.
Na outra ponta, as empresas também obtêm benefícios com as carteiras digitais, entre eles:
- Em comparação com métodos de pagamento tradicionais como cartões de crédito, as carteiras digitais geralmente têm taxas de processamento mais baixas, reduzindo os custos comerciais.
- Carteiras digitais também fornecem às empresas dados valiosos sobre os hábitos de compra dos clientes, possibilitando marketing direcionado e ofertas personalizadas.
- Também é possível integrar programas de fidelidade com as carteiras digitais, facilitando para os clientes coletar e resgatar recompensas, aumentando o envolvimento do consumidor.
Se quiser acessar o Tech Trends Report 2024 na íntegra, você pode acessar o site do The Future Today Institute.
Recapitulando o Tech Trends Report 2023: o que ainda vale a pena ficar de olho?
Muitas das tendências identificadas no relatório de 2023 ressurgiram no Tech Trends 2024, o que destaca a importância contínua de temas como Open Banking e Alternative Credit Scoring.
No entanto, além dessas tendências recorrentes, outros elementos que foram destaque em 2023 também continuam exigindo nossa atenção e acompanhamento para compreender completamente o panorama tecnológico em constante evolução. Confira algumas delas:
1. Invisible Banking
O Invisible Banking é, explicado de forma resumida, a automatização das transações financeiras efetuadas pelo usuário, para que a experiência seja mais fluida e mais amigável.
Trata-se de utilizar serviços financeiros por meio de recursos e ferramentas que já estão incorporados em nosso dia a dia, de forma que seu uso chegue a passar despercebido.
A tendência é que essa experiência simplificada leve os consumidores a marcas que tornem o processo de compra o mais fácil possível. Assim, marcas e fornecedores que não atualizarem as suas tecnologias de pagamento podem acabar fazendo com que seus clientes busquem fazer negócios em outro lugar.
O Invisible Banking está diretamente conectado com o fenômeno de Embedded Finance, além de ter como base as inovações do Banking as a Service (BaaS). Isso porque esse modelo cria ambientes onde pagamentos em tempo real e outras transações financeiras são invisíveis para o consumidor.
O Tech Trends Report 2023 destacou o que nós aqui da Dock sempre defendemos: terceirizar o fornecimento da tecnologia de pagamentos e banking permite que empresas se concentrem apenas em diferenciar seus produtos financeiros e oferecer as melhores experiências possíveis aos clientes.
2. DeFi
DeFi é uma sigla em inglês para “decentralized finance”, que em português significa “finanças descentralizadas”. A definição pode ser simples, mas a noção de finanças descentralizadas é ampla.
As finanças descentralizadas têm como base a intenção de remover da equação os bancos e outras instituições de pagamento que se colocam como intermediários em praticamente todas as trocas monetárias: transações financeiras tradicionais, empréstimos, negociação de crédito, financiamentos, investimentos, criação e gestão de poupança, contratação e quitação de dívidas, entre outros.
Nesse vasto universo, temos uma relação de temas, apontados como tendências para o mercado financeiro, para acompanhar:
- Stablecoins: trata-se de criptomoedas atreladas a uma moeda fiduciária. Como o mercado cripto vem sendo abalado pela queda de valor, as stablecoins são vistas como uma ponte para construir confiança no mercado.
- CBDCs: são moedas digitais, emitidas e regulamentadas pelo Banco Central do país emissor. Até 2023, apenas 11 países realmente haviam lançado um CBDC, e a maioria deles estava no Caribe. Fora dessa região, a Nigéria se destacava como único emissor de um CBDC. Existem vários pilotos em jogo também, a exemplo do Brasil que deve lançar o Real Digital no final de 2024.
- Social and digital payments: cada vez mais os pagamentos baseados em chat permitem transações financeiras em redes sociais.
- Staking: uma forma de obter renda passiva com investimentos em criptomoedas e que passa por questões polêmicas de regulação.
- Crypto goes green: a intensidade energética do blockchain há muito tem sido alvo de críticas, o que deve trazer novas soluções.
3. Identidade Digital
A identidade digital não é necessariamente um único documento de identidade digital, mas, sim, toda e qualquer forma de documentação que permite reconhecer uma pessoa ou uma empresa via dispositivos e recursos tecnológicos.
Essa integração entre identificação e tecnologia aproxima a identidade digital do mundo de soluções em banking. Como apontou o Tech Trends Report em 2023, e reforçou a tendência na edição de 2024, trata-se do ponto de partida para absolutamente toda inovação relacionada ao universo das fintechs.
Mas não só isso: ela irradia além dos serviços financeiros, trazendo benefícios para setores como saúde e educação.
Além disso, é difícil imaginar como a promessa do metaverso poderia ser cumprido sem um forte ID digital em sua essência, para permitir interações virtuais verificadas.
Por fim, com um número cada vez maior de transações financeiras migrando para o mundo digital, a necessidade de verificação de identidade vem se tornando uma demanda crescente e é, sem dúvidas, uma tendência a se acompanhar.
4. Pagamentos Instantâneos
A promessa da tecnologia de pagamento instantâneos é simples: criar sistemas que permitem que o dinheiro flua de forma mais rápida e eficiente entre comprador e vendedor. Além disso, a solução tem um papel importante na inclusão financeira e na digitalização da economia.
No Brasil, o Pix, sistema de pagamentos instantâneos implementado pelo Banco Central, fechou três anos como um grande sucesso: de acordo com o BC, as transferências de recursos e os pagamentos feitos por meio do Pix somaram R$ 17,18 trilhões só em 2023 e bateram novo recorde.
Os números positivos de outros anos já haviam feito com que o BC anunciasse planos de abrir os protocolos do sistema gratuitamente para todos os países que os quiserem utilizar. Colômbia, Uruguai e Peru são alguns dos mercados que têm interesse em acelerar o processo de inovação de seu sistema financeiro a partir do Pix.
Entre os países que também já colocaram na rua seu modelo de pagamentos instantâneos está o México, onde os pagamentos instantâneos são viabilizados pelo CoDi — sigla para Cobro Digital, e a Argentina, com o Transferências 3.0.
Acompanhar as tendências para o mercado financeiro é contribuir para que as finanças sejam mais orgânicas
Na Dock, acreditamos que acompanhar as tendências e buscar estar um passo à frente em relação a elas é essencial para construir um universo financeiro cada vez mais orgânico e sem amarras.
Estamos constantemente acompanhando e atualizando nossa plataforma de soluções de Banking, Cards & Credit, Acquiring e Fraud Prevention para que nossos clientes possam também evoluir seus negócios junto a essas tendências, disponibilizando aos seus clientes experiências excelentes em pagamentos.
Quer saber mais sobre como fazemos isso? Assista ao nosso vídeo manifesto:
Tendências para o mercado financeiro: o que você viu neste artigo
- O Tech Trends Report aponta todos os anos as principais tendências para o universo da tecnologia, incluindo insights para pagamentos e banking.
- Entre as principais tendências para o mercado financeiro estão a evolução do dos projetos de Open Banking, o amadurecimento do score alternativo de crédito e o sucesso das carteiras digitais.
- As tendências para o mercado financeiro estão relacionadas à digitalização da sociedade e a busca por soluções financeiras cada vez mais integradas à vida cotidiana e orgânicas a tudo o que fazemos.
- Na América Latina, tendências para o mercado financeiro como pagamentos instantâneos e o uso de dados alternativos no score de crédito contribuem para a inclusão financeira e a evolução dos negócios.
Artigos relacionados:
- Mercado de benefícios corporativos: como sua empresa ou fintech pode atuar nesse setor
- Pagamentos B2B: por que explorar esse mercado e oferecer serviços financeiros para outras empresas
- Roadmap do Pix: quais são as novidades em pagamentos instantâneos e como oferecê-las
- Pix Garantido ampliará acesso ao crédito e promete movimentar o mercado de pagamentos e o varejo
- Bolepix: funcionalidade combina boleto e Pix e traz vantagens para usuários e empresas que oferecem serviços financeiros