Qual foi o impacto da Semana do Brasil no varejo?
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A Semana do Brasil, iniciativa do Governo Federal com o objetivo de aquecer a economia no mês de setembro, registrou aumento de 11,3% em vendas no varejo
Entre os dias 6 e 15 de setembro, o varejo brasileiro viveu sua primeira “Black Friday verde-amarela”. Para realizar a Semana do Brasil, o Governo Federal contou com o apoio de mais de mais de 4.500 empresas, entre elas grandes varejistas como Pernambucanas, Casas Bahia, Havan e Ricardo Eletro.
Mas por que setembro?
A ação foi lançada como uma homenagem ao 7 de setembro. O feriado da Independência, mesmo antes desta iniciativa, já costumava registrar aumento nas vendas. A decisão de estender a campanha por mais de uma semana se deu ao fato do Dia do Cliente, outra data relevante para o varejo, acontecer no dia 15 de setembro.
De acordo com dados divulgados pela Cielo, as vendas do varejo cresceram 11,3% durante a Semana do Brasil. Para realizar a análise, comparou-se o período da campanha deste ano com o mesmo intervalo em 2018, quando a ação promocional ainda não existia.
Ainda segundo o levantamento da Cielo, os segmentos que mais apresentaram crescimento foram os de cosméticos (19,8%), móveis, eletroportáteis e lojas de departamento (12,6%), vestuário e artigos esportivos (6,1%), supermercados e hipermercados (4,5%).
Estes dados se confirmam em outro estudo, focado somente no e-commerce brasileiro: o Relatório: Dia do Cliente e Semana do Brasil 2019, desenvolvido pela Social Miner e Compre & Confie, com o apoio da Opinion Box. O report mostra que as categorias que mais cresceram no período foram as de Beleza e Saúde, Informática, Moda e Bebidas.
Varejo físico x Digital
A FX Retail Analytics aponta que o fluxo no varejo físico (nas lojas de rua e de shopping) caiu 1,1% durante o intervalo da promoção, em relação ao mesmo período em 2018. Contudo, o movimento aumentou 3% quando comparado à semana anterior. Mas como explicar o aumento nas vendas apesar da diminuição do fluxo nas lojas?
A sócia e diretora de marketing da FX Retail, Flavia Pini, acredita que este cenário pode ser explicado pelo omnichannel, estratégia que o varejo utiliza para unificar todos os seus canais de contato com o público. Comenta: “A pessoa pode comprar pelo site e a compra sair daquela loja ou centro de distribuição, mas não é ela quem vai buscar, necessariamente. O fluxo diminui e as vendas aumentam”.
Apesar da ligeira diminuição do movimento no varejo físico, podemos ver que ainda muitas pessoas optaram por aproveitar as promoções – que chegaram a até 80% – diretamente no ponto de venda:
É evidente que o aumento nas vendas também foi amplamente estimulado pelo varejo virtual, que registrou 5,4 milhões de compras e faturamento de R$2,2 bilhões — um crescimento de 10,5% na receita dos e-commerces em relação aos 10 dias que antecederam o evento e de 30,3% em relação ao mesmo período de 2018 (dados do Relatório: Dia do Cliente e Semana do Brasil 2019). A Ebit|Nielsen também analisou as vendas realizadas no comércio eletrônico ao longo da Semana do Brasil e divulgou um aumento de 41%.
Já o ticket médio dos pedidos em lojas virtuais foi de R$404,90 – 1,3% acima do apontado no período anterior à campanha (de 27 de agosto a 5 de setembro).
A Semana do Brasil tem potencial para ser a “Black Friday Brasileira”?
A Black Friday ainda é a melhor data para o varejo, perdendo apenas para o Natal. Nos últimos anos, o faturamento cresceu mais de 1.000% e o tíquete médio ficou em torno de R$ 608. Em 2018, a Black Friday bateu o recorde de vendas desde a criação do evento – no início da década – e o crescimento na receita dos varejistas participantes foi 9,4% maior que o de 2017.
Entretanto, apesar da Semana do Brasil não ter registrado um crescimento tão significativo quando comparada à já estabelecida Black Friday, o aumento nas vendas deve motivar os lojistas a consolidar a data, tornando-a recorrente no calendário comercial dos próximos anos.
Gabriel Mariotto, diretor de inteligência da Cielo, afirma: “Esse crescimento de 11,3% representa uma aceleração interessante, considerando que em agosto o varejo cresceu 5%, de acordo com o ICVA”.
Mariotto ainda relembrou que em 2011, no começo da Black Friday no Brasil, as vendas cresceram aproximadamente 14% em relação ao ano anterior. “Houve uma antecipação de vendas de Natal, mas o varejo vendeu mais nas duas datas juntas do que somente no Natal. É possível que essa nova data evolua como a Black Friday nos próximos anos”.
Para que essa previsão se concretize, é necessário que o varejo continue aderindo à data, que exista um esforço ainda maior de divulgação e que o consumidor reconheça que, de fato, os descontos compensam – tanto no varejo físico, quanto no virtual.